Artigo escrito por FLÁVIA CYSNE para o site “O Capixaba” publicado em 02/07/2025

A crescente representatividade feminina na política brasileira tem impulsionado transformações significativas no âmbito das políticas públicas, especialmente quando o foco é o bem-estar das crianças. Segundo a mais recente pesquisa do IBGE, as mulheres se destacam como principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) e ocupam mais de 40% das chefias de família em todo o país. Esse perfil evidencia a forte conexão das mulheres com pautas sociais, ampliando o debate sobre a importância do empoderamento feminino na formulação e execução de ações voltadas à infância.

Desafios políticos e a perspectiva materna na tomada de decisões

No contexto das decisões políticas relacionadas à saúde, educação e proteção das crianças, o olhar materno e cuidador das mulheres se traduz em sensibilidade e eficiência. Ao compreenderem os gargalos do sistema público, essas lideranças são capazes de identificar as necessidades reais das famílias. A gestão feminina propõe revisões constantes dos protocolos, baseando-se em dados e pesquisas para garantir que as políticas de saúde estejam alinhadas com as demandas da população, tornando o atendimento mais humanizado.

Na educação, observa-se que a maioria dos profissionais da rede pública — professoras, diretoras, auxiliares — são mulheres, que lidam cotidianamente com mães e crianças. Essa vivência proporciona um entendimento profundo das dificuldades enfrentadas tanto por educadoras quanto pelas famílias, o que favorece a criação de soluções inovadoras e sensíveis. Quando mulheres ocupam cargos de liderança, deixam de tratar as crianças apenas como números em estatísticas, promovendo uma gestão pautada em resultados positivos e humanização do cuidado.

Estratégias para incentivar o engajamento feminino na política

A representatividade feminina é fundamental para fortalecer políticas públicas que promovam a igualdade social e o desenvolvimento das crianças. Para avançar nesse cenário, é essencial que partidos políticos identifiquem, apoiem e invistam nas candidaturas femininas com potencial de liderança. Isso inclui a indicação de mulheres para cargos de visibilidade, bem como o engajamento em questões relevantes para suas comunidades.

A capacitação contínua é outro pilar estratégico. Mulheres preparadas e informadas têm mais condições de transformar desafios políticos em oportunidades de mudança. Partidos que investem em formação evitam a candidatura de última hora, oferecendo condições para que suas representantes estejam prontas a assumir funções de destaque.

A participação efetiva das mulheres nas decisões partidárias é igualmente relevante. Alcançar, no mínimo, 30% de representação feminina nos diretórios e executivas, fortalece a democracia interna e amplia o compromisso com a representatividade.

De acordo com recentes pesquisas, 90% das candidatas de 2024 desistiram da carreira política após a primeira tentativa, revelando um desafio persistente: a falta de preparo e apoio durante o processo eleitoral. Entretanto, estudos mostram que a chance de eleição para mulheres que tentam uma segunda candidatura dobra ou até triplica. A solução passa, portanto, por uma mudança de atitude dos partidos, que devem abandonar práticas de escolha tardia e despreparo, investindo na construção de lideranças femininas sólidas e duradouras.

Representatividade como agente de transformação

O empoderamento feminino e a ampliação da representatividade são elementos-chave para uma sociedade mais justa e igualitária. As mulheres, ao ocuparem espaços de decisão, demonstram comprometimento genuíno com o bem-estar das famílias e, especialmente, das crianças. Por meio de sua experiência, liderança e dedicação, criam-se políticas públicas mais eficazes, voltadas para o desenvolvimento humano, a proteção social e a promoção da igualdade.

A experiência de mulheres que atuam em diversas frentes — seja na saúde, educação ou administração pública — reforça a importância de promover ambientes políticos inclusivos, onde a sensibilidade feminina contribui para decisões mais assertivas e transformadoras. Assim, cada vez mais, a sociedade colhe os frutos de uma liderança baseada em empatia, conhecimento e compromisso com as futuras gerações.

Flávia Cysne, é administradora de empresas com pós-graduação em Marketing.

Foi prefeita de Mimoso do Sul em dois mandatos.

Membro titular do Diretório Estadual do PSB-ES.

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